domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não chores que eu vou voltar

Quando eu era criança minha mãe cantava diversas músicas pra mim, mas uma delas sempre mexia comigo e me fazia chorar.

Confesso que até hoje faz. E não sei porque! Ou tenho uma leve idéia, talvez.

Ela diz assim:

"Passarinho na gaiola fez um buraquinho, voou, voou, voou, voou e a menina que gostava tanto do bichinho, chorou, chorou, chorou, chorou...

Sabiá fugiu pro terreiro, foi cantar no abacateiro e a menina pos-se a chamar: "vem cá, sabiá vem cá" . Sabiá de lá respondeu: "Não chores que eu vou voltar"

Talvez eu sempre soube que ela era a menina da história e que um dia eu seria o passarinho que saiu da gaiola para ver o mundo.

Acredito que, no fundo, ela estava me ensinando isso. Que serei sempre dela (minha mãe), mas que, sozinha, aprenderia a fazer um furo na gaiola para desbravar o desconhecido, nem que fosse o terreno ao lado, como o passarinho, ou um pouco mais longe.

Ela chora pedindo pra eu voltar, mas ela sabe que, assim como o passarinho eu também voltarei.

Esta semana completei 10 meses longe de casa. Foram os meses que mais aprendi na minha vida!!! Tratamento intensivo, terapia de choque, nomeiem como quiserem. Eu, particularmente, chamo de amadurecimento.

E sabe, não basta ser passarinho e saber como fugir da gaiola. Precisa aprender a voar!

E precisa voar sozinho, pois ninguem pode fazer isso por você!

Precisa de coragem pra deixar pra tras um coração chorando de saudades.

Tem que ter folego pra conseguir chegar alto e manter-se voando, aprendendo, amadurecendo.

Ou, como diria Fernando Anitelli: " Hoje eu vivo em paz sozinho. Muitos passarão. Outros tantos passarinhos. Muitos passarão"

Sim, também é preciso de paz.

E o mais importante de tudo, como ensinou minha amada tia (quem também cantava muitas músicas na minha infancia):

"A águia é a ave que voa mais alto, mas nasceu pequenina, num ninho. Tenha asas e olhos de águia, mas lembre-se sempre do ninho."

Ou seja, voe, voe alto, seja passarinho, ou seja águia. Não importa. Somente lembre-se sempre do ninho... e volte!